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SOBRE

ANDREA HONAISER

Sou nascida em Carazinho no Rio Grande do Sul e formada em Artes Plásticas pela Universidade de Passo Fundo. Já participei de várias mostras coletivas e individuais e trabalhei alguns anos com galerias no RS, especialmente em Gramado, que distribuiu minha arte no Brasil e fora dele. Aqui em Florianópolis, onde moro atualmente, fiz algumas exposições e na Cor Galeria também dei aula de arte. Dividi meu tempo entre a astrologia, a naturopatia e a arte. Agora a Arte está reclamando seu espaço e aqui está ela.

 Florianópolis, 14 de fevereiro de 2023.
 

PS: essa história é cheia de meandros e mais de 500 obras hoje vestem paredes por aí!

CORES DO FEMININO

Em 2012 surgiu o primeiro desenho dessa série. Quis registrar um impulso e não tinha material disponível, mas tinha na bolsa o batom e lápis de olho. E foi com isso mesmo que fiz.

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Desejo: 17 x 24 - Batom e lápis de olho sobre papel - 2012

Me empolguei com o resultado e a possibilidade, do inusitado, do material ser de certa forma tão instável, ao mesmo tempo indelével, surpreendente como são as emoções. No começo quando abria as pastas onde fui guardando os desenhos, era um aroma perfumado de feminino. Não sabia exatamente o quanto durariam. Depois essa ideia de pintar o feminino com cosméticos, com o que mulheres se pintam foi me “tomando”. Aos poucos fui explorando e incorporando outros materiais junto com o batom e lápis de olho. Sombras, rímel, delineador, esmalte – e pinto com o pincelzinho do próprio esmalte, batons líquidos, batons coloridos e claro, fixados com spray de cabelo, laquê. Tudo muito feminino, cheiroso e forte.

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Mulher de vermelho: 29 x 42 (43) - Batom sobre papel - 2019

Não sabia como seria a durabilidade, se manteria a cor original, como os cosméticos se comportariam no papel, o suporte que usei. A partir dessas experiências descobri ao longo desses anos que duram mesmo (que o diga uma mancha de batom na roupa...rsrs)

Pesquisando, descobri a citação do parlamento inglês associando a maquiagem e as “artes da sedução” à bruxaria. Outro gancho. Fui escutando histórias de mulheres e suas pinturas. Como se sentem e por aí afora fui somando material, ganhando pinturas de amigas, comprando, torcendo para que uma cor de batom não termine antes da obra, sonhando em ter uma empresa que patrocinasse o material pra testar em tamanhos grandes! E caçando corretivos que é o tom da pele!

Uso imagens de memórias, desenhos de modelo vivo, fotos. Eram mulheres sem rosto definido, podia ser qualquer uma de nós. Depois resolvi fazer um retrato. Desafio, porque o material não “obedece”, a ponta do batom fica grossa. Acabo usando dedo, unha, cotonete, pincel. Foi desafiador. Assim apareceram as mulheres icônicas que foram compondo essa mostra. Frida, Marylin, Marielle, Mona Lisa, Vênus, mulheres que foram surgindo porque elas, de alguma forma têm alguma relação com a beleza, a força, a atitude ou fala como contestação, algo como: podem tentar me calar, mas minha boca pintada irá denunciar. O silencio pode denunciar.

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Frida Kahlo: 29 x 42 (43) - Esmalte sobre papel - 2023

Quando me formei fui convidada para dar aula de modelo vivo. Sempre gostei de figura humana em suas várias formas. Essa mulher de robe vermelho, fiz de modelo vivo na faculdade de artes nos idos de 80. Refiz ela em batom, afinal, pintar eterniza momentos.

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Figura humana: 29 x 42 (43) - Lápis e carvão sobre papel - 1984

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Descanso: 29 x 42 (43) - Acrílica sobre papel - 1985

No RS fiz uma série de crianças e suas brincadeiras. Me referia ao mundo mágico infantil imerso em fantasias criativas e lúdicas do brincar. Elas não tinham boca, só olhos que olhavam o mundo. Vai saber se tem uma relação com o batom e as bocas caladas? Não sei.

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Barquinhos de Papel: 100 x 100 - Acrílica sobre tela - 2001

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Cirandas: 40 x 40 - Acrílica sobre tela - 2002

Também gosto de pintar lendas, histórias. Quando cheguei em Floripa ganhei de uma amiga os livros do Franklin Cascaes, e dessas narrativas também saiu uma exposição sobre as bruxas da Ilha. Seguindo as descrições selecionadas de trechos do livro, criava as imagens. Foram muitas mulheres, essas com boca!

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Bruxas no telhado: 60 x 100 - Acrílica sobre tela - 2008

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Balanço bruxólico: 60 x 140 - Acrílica sobre tela - 2008

Depois “sumiram as pessoas”, fiz a série das Ausências. Roupas penduradas em varais de fios invisíveis, varais enormes de roupas coloridas, P&B, roupas jogadas. A ausência de gente ou a ausência que se “com/fundia” com o fundo era o mote.

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Presencias: 40 x 50 - Acrílica sobre tela - 2009

Presencias: 80 x 100 - Acrílica sobre tela - 2009

O que pretendo com esse trabalho? Quanto tempo vou pintar com pinturas cosméticas? Talvez sejam efemeridades eternas. Eu gosto do jeito que o material desliza apesar de ser caro pra caramba....rsrsrs gosto de não saber o que vai acontecer, se vai ou não “dar certo”. Às vezes, a maquiagem foge do controle e borra. Arte é como a vida.

Não botei o número de obras que vão estar na exposição porque até o dia anterior estarei fazendo uma delas! Mais de 30, com certeza. E terão alguns textos, também, entrelaçando essas histórias.

Atualmente ando fazendo, em paralelo, uma série em acrílica sobre tela, que chamo de “lugares nenhum”, de locais ermos e abandonados. Entremeios, quando me empolgo com alguma ideia, faço desenhos. Adoro desenhos! Como esses pequenos estudos em caneta BIC

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Trilhos - Lugar nenhum: 30 x 40 - Acrílica sobre tela - 2023

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